Pássaro de
Cristal
De triste asas partidas,
Obra de laborioso artificie,
Totalmente imprevisível,
Mas de maestria infinita.
Pássaro de Cristal
Nem me atrevo toca-lo,
Evito até deseja-lo,
Temendo novamente romper
O que o tempo insiste em colar.
Pássaro de Cristal
Fuja dessas minhas mãos toscas
De delicadeza ausente,
Que vive só a modelar
A podre lama alheia.
Pássaro de Cristal
Vejo através da barreira cristalina
As marcas dessa sua vida
Por onde escoaram suáveis pecados,
Por onde vazam lembranças antigas.
Pássaro de
Cristal
Enquanto brilha ao sol
Ouso a sonhar com cores,
Enquanto voa em busca de Deus
Rastejo de volta às minhas entranhas.
Tiza